segunda-feira, 6 de abril de 2015

Não me dê flores - um resumo da campanha de conscientização que rolou neste dia das Mulheres

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Não me dê flores, crie seus filh(o/a)s de forma igualitária, e não deixe sua mãe/parceira fazer todo o trabalho doméstico.
"76,8% das meninas lavam a louça em casa, frente a apenas 12,5% dos meninos. Muitas delas ainda fazem as tarefas dos irmãos homens.
76,3% são cuidadas só pela mãe, o pai não participa.
Porque brincar de "casinha" tem que ser coisa de menino sim.
Se o machismo parece uma coisa muito abstrata e distante pra você, é só reparar no cotidiano mais banal.
Pra todos os homens que "deixam" suas mães, irmãs, esposas, namoradas ou amigas fazerem os trabalhos domésticos por vocês, porque "elas estão acostumadas, elas sabem fazer melhor, elas vão lá e fazem primeiro", VOCÊS SÃO parte desse problema sim.
Pra todas as mães, irmãs, esposas, namoradas e amigas que fazem as tarefas domésticas por seus pais, filhos, irmãos, esposos, namorados e amigos ou não ensinam eles a fazerem, NÓS SOMOS parte desse problema sim."
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355036-tarefas-do-lar-tiram-tempo-de-estudo-de-meninas-aponta-pesquisa.shtml
http://arquivo.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questoes-de-genero/180-artigos-de-genero/22186-mulheres-trabalham-mais-do-que-homens-mas-as-convencemos-do-contrario-por-leonardo-sakamoto

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Não me dê flores, dê bronca em quem ri ou faz piada de estupro. E nunca, NUNCA dê a entender que a vítima teve culpa.
Acho que essa deveria ser meio óbvia néam?
Vamos dar uma olhadinha nas estatísticas do estupro pra entender melhor.
Segundo um estudo sobre Estupro realizado pelo IPEA em 2014:
.527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil
.Apenas 10% dos casos chega ao conhecimento da polícia

As vítimas.
.88,5% são mulheres
.70% são crianças ou adolescentes
.46% não possuem ensino fundamental completo
.51% eram negras ou pardas
.Da porcentagem de vítimas do gênero masculino (11,5%), a grande maioria são crianças ou adolescentes.
Os agressores.
.70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima. O que indica que não adianta pintar estuprador como um monstro verde que você nunca viu, é preciso encarar o problema de frente, questionar seus amigos, vigiar suas próprias atitudes e tomar cuidado com como você cria seus filhos. (O bom e velho "ensine seu filho a importância do consentimento" antes de ensinar sua filha a ser "recatada", preocupe-se mais em ter um filho estuprador do que em ter uma filha sexualmente livre).
.No caso de estupro de crianças, 24,1% dos agressores são os próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima
.No caso de estupro de adultos, 60,5% são desconhecidos
.98,2% dos agressores são homens
PS. Antes que alguém venha - isso não quer dizer que todos os homens são estupradores. Tem muitos homens lindos e fofos nesse mundo que nunca fariam mal à uma mosca.
Mas isso quer sim dizer, que estatisticamente, faz sentido uma mulher ter medo de um homem.
Mais sentido do que faz um ser humano ter medo de tubarões. E ainda assim, pessoas com medo de tubarão são vistas como racionais, e mulheres que tem aversão a homens são vistas como vitimistas. Sintomático.
Dados.
http://www.ipea.gov.br/…/nota…/140327_notatecnicadiest11.pdf

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Não me dê flores, entenda que leis que protegem as mulheres não são "privilégios".
Pra quem diz que o feminismo não tem mais razão de ser, e não consegue mais nada hoje em dia.... tá aí, essa semana o feminicídio se tornou crime hediondo.
Isso é uma vitória bem mais ou menos, pois considerando nossos sistema carcerário, jogar mais gente na prisão tá bem longe de ser algo bom. Mas podemos considerar uma vitória que o crime em si esteja sendo visto de forma mais específica.
Pra você que pensou "Mas tá vendo, feminismo não quer igualdade, quer privilégios! Se quisesse igualdade não teria leis que protegem só mulheres, como Maria da Penha e feminicídio! Os homens também são vítimas de violência!"
Vamos lá!
1) MOTIVOS PARA A VIOLÊNCIA. É verdade, os homens também são vítimas de violência, e sim, eles morrem mais por causas violentas que as mulheres! Qual a diferença então, pra quê essa lei?
A diferença básica é que quando homens são assassinados, eles são assassinados por outros homens, e por diversas razões. Razões estas como tráfico de drogas, brigas, dívida, desordem territorial.
Nestes casos, se os envolvidos fossem mulheres, continuaria havendo assassinato.
Mas quando mulheres são assassinadas, as razões mais recorrentes não são estas acima. 40% dos assassinatos de mulheres ocorreram dentro de suas casas, pelos seus parcerios ou ex-parceiros. São discussões domésticas, negativas de fazer sexo (!!!), ciúme ou sentimento de posse do parceiro. Quem mata essas mulheres são homens.
Nestes casos, se a gente inverte o gênero, e é o homem que está sendo agredido em sua casa, é o homem que nega sexo, ou é a mulher que tem um sentimento de posse doentio... essas situações já ocorrem muito menos, e geralmente não resultam em assassinato! Ou seja, essas mulheres morreram muito em função de serem... mulheres!
2) FEMINICÍDIO. Não é qualquer assassinato de mulher que é classificado como feminicídio. O assassinato só entra com esse agravante quando ficar implícito que o motivo do crime envolveu a condição de mulher da vítima. Por exemplo, se for resultante de violência doméstica, se o assassinato for antecedido por xingamentos e agressões diretamente ligados ao gênero (como estupro), se a mulher estiver grávida, se o motivo for ligado à sexualidade da mulher (traição, ciúme, a liberdade sexual da mulher em questão, etc). O feminicídio entra como um novo agravante do homicídio, assim como motivo torpe por exemplo.
3) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. A lei Maria da Penha luta exatamente contra essa violência doméstica, que vezes demais termina em feminicídio. Mas infelizmente, ainda há uma proporção enorme de casos em que a denúncia nem é feita. Se alguém ainda acha que existe mulher que "gosta de apanhar" (sem piadinhas em relação da BDSM, please), e que não vai embora porque é burra, convido vocês a darem um google na hashtag ‪#‎whyistayed‬. São depoimentos de mulheres que contam porque elas permaneceram por muito tempo em situações de agressão.
As razões vão desde dependência financeira à religião, e SEMPRE passam por doses homéricas de manipulação emocional. Sabe aquele texto sobre Gaslighting ou "Por que as mulheres não estão loucas" que eu postei esses dias? É esse tipo de manipulação emocional que leva mulheres a ficarem com seus agressores, pois eles as diminuem dia a dia, as fazendo pensar que elas são tão insignificantes que merecem aquele tratamento, que se forem embora nunca encontrarão alguém que as ame tanto (!), que elas estão loucas, que ninguém vai acreditar nelas se elas procurarem ajuda.
85% dos casos de violência doméstica são contra mulheres.
E ressalto que os 15% que ocorrem com homens também são muito graves, e muitas vezes os homens também não denunciam porque tem vergonha. Sabe o que os faz pensar que apanhar e sofrer agressões de sua parceira é motivo de vergonha? Bingo, o machismo. É, o machismo, que perpetua a ideia que homens devem ser viris, másculos, agressivos, e não podem chorar. O feminismo também luta contra essa ideia tosca de homem, tá? (Mas verdade, como o feminismo luta pelas mulheres, ainda que as feministas sejam contra formas de machismo que prejudicam homens como essa, como alistamente obrigatório ou como a inexistência de licença paternidade, essas não são prioridades da nossa luta. Mas se um homem resolver lutar por essas pautas, com certeza as feministas não farão objeção).
4) PRIVILÉGIO? Bom, se depois de saber que 85% dos casos de violência doméstica são contra mulheres, e que 40% dos casos de assassinato de mulheres ocorrem dentro de suas casas (isso porque eu nem falei de estupro nesse post), entender que essas leis específicas só se fazem necessárias porque a violência sofrida pelas mulheres em função de seu gênero também são específicas... você ainda achar que isso é um privilégio. Aí quem eu acho que não tá fazendo sentido é você....
5) IGUALDADE. Se você pensar que nem todos saem do mesmo ponto de partida, e existem opressões estruturais, culturais e socias que privilegiam um grupo em detrimento do outro, essa frase vai fazer todo sentido- "Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam".
6) MAS NÃO TÃO PERFEITO ASSIM. Para a aprovação da lei, a bancada fundamentalista (sempre eles) exigiu que se trocasse uma palavrinha. O que antes estava como "gênero" feminino, se tornou "sexo" feminino. O que isso quer dizer? Quer dizer que a lei não vale para mulheres trans. Ou seja, ainda não tá bom não, e vai ter mais luta. Afinal, "Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas." (Audre Lourde)

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Não me dê flores, me dê iguais oportunidades.
O número de homens chamados John, Robert, William e James em boards de corporações é maior do que o número total de mulheres.
Isso é o que diz uma pesquisa da Ernst & Young, feita com as empresas da Top1500 da Standard & Poor.

No Brasil, a situação é ainda mais preocupante. Mulheres ocupam somente 6% dos lugares nos conselhos de administração.
Saiba mais:
https://www.facebook.com/evathink/photos/a.1555495134717435.1073741828.1496685483931734/1567142106886071/?type=1&theater
http://www.washingtonpost.com/…/there-are-more-men-on-corp…/
http://www1.folha.uol.com.br/…/1579954-mulheres-ocupam-so-6…




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