terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ideologia de gênero - de novo

Confesso que às vezes tenho vergonha de pertencer ao grupo "cristão".

Para evitar telefone sem fio: não tenho vergonha de Cristo ou da minha fé -muito pelo contrário.
Mas tenho vergonha SIM de pertencer à um grupo que com frequência demais se comporta de maneira preconceituosa e se empenha em disseminar desinformação.
Jesus é um cara maravilhoso; mas seus seguidores, olha, tá difícil.

Enquanto se distribuem jornaizinhos na igreja incentivando os fiés a lutarem contra a "ideologia de gênero", sabe qual é a real?

O que teve mesmo foi um inciso do artigo 2 no PNE que tinha como diretriz exatamente isso aqui ó: "a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual".

Sim, meus amigos de fé, morram de vergonha: foi por causa disso aí todo o escarcéu da Bancada da Bíblia.
Essa é a frase que traduziram pra você como sendo "o governo tentando influenciar nossas crianças a serem neutras ou homossexuais", e você acreditou sem pesquisar.

E sabe porque estava escrito isso no PNE?

Porque enquanto você mostra sua indignação contra a atriz transexual que encenou a crucificação na Parada LGBT, o Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Sim, NO MUNDO.

Enquanto você brada bravamente contra uma suposta ideologia (sem nem saber do que se trata e quem a defende), a cada 28 horas um homossexual é assassinado por homofóbicos ou comete suicídio por não aguentar o peso de uma sociedade que o define como aberração, uma família que o expulsa de casa, colegas de escola que destróem sua auto-estima diariamente.

Porque enquanto você acredita nessa lenda de ideologia de gênero maligna e destruidora de lares, tem sites dedicados à promover o estupro corretivo em lésbicas: é, isso mesmo, pessoas que, abraçando a MESMA causa que você, dizem que lésbicas devem ser estupradas para aprenderem a gostar de homem, como é "correto e natural na Lei de Deus".

Nós, cristãos, somos 86,8% da população.
O Brasil não teria esses dados escabrosos de morte e violência contra a população LGBT se nós não estivéssemos sendo coniventes com isso.
 Nós estamos.

E não só não estamos fazendo nada para mudar esses dados, como estamos sendo contra uma ação que busca acabar com o preconceito já na infância.
Que mal, me expliquem, há em ensinar nossas crianças a NÃO DISCRIMINAR??
A não tratar o colega como aberração??

Nós, cristãos, não só somos coniventes com essas mortes: somos cúmplices.
Vamos parar de envergonhar o nome de Cristo, por favor.

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