quinta-feira, 16 de julho de 2015

O monstro verde da discussão de gênero.

Não pode falar que gênero deve ser discutido nas escolas e o povo já fica agitado, um monte de gente falando horrores dessa tal "ideologia de gênero":
que ~incentiva~ a criança a ser homossexual, que defende a pedofilia, que usa o exemplo do médico doidão que quis trocar o gênero da criança, que defende que mulheres ~não podem~ ter características consideradas socialmente como femininas e homens não podem ter as masculinas, etc etc

Real question: Na vida real, quantas pessoas vcs conhecem que defendem essas coisas aí em cima?
Quantos projetos de lei vocês conhecem que querem impor essas coisas?

Porque olha só, eu sou uma pessoa que defende a discussão de gênero nas escolas!
Não sou defensora cega do rolê, me informei bastante sobre todas as nuances da discussão e cheguei a conclusão que um mínimo de informação a respeito seria muito saudável para a educação.
E sendo parte do grupo de pessoas que defende essa discussão, deixa eu contar pra vocês quais são nossas verdadeiras intenções...

Nós apenas queremos uma criação mais igualitária na qual você não vai obrigar a criança a vestir determinada cor ou brincar com determinado brinquedo, você vai deixar ela escolher a cor que gosta e brincar com o brinquedo que gosta.
Não quer dizer que você não pode dar roupinha azul pro menino, você pode! Mas quer dizer que se ele quiser uma roupinha rosa, também tudo bem! Afinal, pra quê fazer uma criança se sentir mal com uma besteira dessas?
Uma criação que vai deixar a criança descobrir seus talentos e gostos - sem enfiar na cabeça dela que tal coisa é de menino e tal coisa é de menina.
Quer dizer que não pode colocar a menina no ballet?? Pode sim! Mas quer dizer que se ela não gostar do ballet e quiser fazer futebol, você não vai censurá-la. Afinal, pra quê afastar a criança de algo que ela gosta e que pode vir a ser um grande talento?

E sabe porque a gente acha isso importante?
Porque acreditamos que essa educação mais livre de "papéis" e caixinhas vai ter resultados muito benéficos para a criança em questão e para todas as outras ao seu redor!

Por exemplo: as crianças vão aprender a respeitar as decisões individuais de cada um.
Ao invés de ficar zuando o coleguinha de 4 anos pq ele gosta de lilás, as crianças vão achar normal e não terão preconceito com ele.
Ao invés de excluir a menina que gosta de brincar de carrinho, não vão achar nada demais.
Quer dizer que os professores ao invés de dar bronca no menino que viu uma boneca e quis brincar com ela, vão deixar ele brincar com o que quiser.

Quer dizer que ninguém vai ficar dizendo pro seu filho de 4 anos que brincar de tal coisa torna ele "viado" (olha aí: quem quer ficar falando de sexualidade com criancinha NÃO É a gente! Pasmem.).
Que ninguém vai ficar dizendo pra sua filha de 6 anos que se ela gostar de cabelo curto e carrinho, ela é menino (olha aí de novo: quem quer ficar falando que uma criança não é do gênero "certo" NÃO É a gente!).

Ou seja, a gente quer que todos tenham liberdade para ter cabelo curto ou comprido, brincar de barbie ou de carrinho, gostar de azul ou de rosa, e quer que a criança saiba que nada disso vai determinar se ele(a) é ou deixa de ser menino ou menina. Por que nada disso faz diferença.
A gente quer que nenhum menino sofra bullying por que gosta de brincar de casinha.
Que nenhuma menina seja excluída dos amiguinhos porque adora o batman.

Que na adolescência, se o menino tiver mais afinidade com um grupo de meninas, ele não seja taxado de gay, porque os coleguinhas aprenderam desde criança que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Que se a menina não curtir usar maquiagem, não seja taxada de sapatão, porque os coleguinhas sabem que aparência não tem a ver com sexualidade.
 E que no colegial, quem de fato se descobrir gay ou lésbica seja -olha só que absurdo - RESPEITADO.

Pois da mesma forma que a Orientação Sexual para adolescentes é importante, para que eles saibam que sexo existe - mas não deve incentivar (nem proibir) o adolescente de praticá-lo; o mesmo raciocínio serve para a homossexualidade. Ela existe: não deve ser incentivada nem proibida, apenas reconhecida e respeitada.

Sério que parece tão ruim assim?

Claro que a forma com que isso será feito deve ser discutida - com maturidade -, claro que cada cartilha deve ser revisada para não passar mais informação do que é necessário para cada idade, claro que podemos entrar num consenso em relação a vários assuntos!

Mas sério, vamos nos informar antes de sair bradando contra ou a favor das coisas?

Dica: se você só se informa sobre abacaxi em sites que são contra abacaxi, é muito provável que você tenha uma visão bem distorcida do que é - de fato - um abacaxi.
Dica 2: o estado é laico e nenhuma religião deveria interferir em políticas públicas - justamente pq políticas públicas atingem a todos, e nem todos seguem a mesma religião.

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