sexta-feira, 31 de julho de 2015

Uma análise dos relacionamentos, levando em conta as diferentes socializações entre sexos

Vou até fazer uma introdução pq esse texto é muito incrível e foda, mas quem não conhecer os conceitos de socialização e não acreditar que vivemos numa sociedade machista, ou não vai entender nada ou vai dar piti antes mesmo de refletir.
Esse texto pretende analisar os relacionamentos levando em conta as diferenças entre homem e mulher - algo que muitos textos por aí já fizeram.
Mas este o faz de uma forma diferente, pois entende que a maioria, senão todas as diferenças entre a forma que homem e mulher se relacionam é fruto da socialização diferente que receberam ao terem seus sexos designados no nascimento - ou seja, fomos criados, educados e moldados pela sociedade de forma a agir de certas formas, "de acordo" com nosso sexo.
Se entendemos que muitos comportamentos nossos foram moldados pelo forma que fomos socializados, entendemos 1o) que a maioria não está fazendo essas coisas de propósito, e 2o) que existem exceções - com a mesma socialização, cada indivíduo absorverá cada parte de uma forma e em propoções particulares.

E por fim: para entender o texto, é preciso ter claro para si que vivemos em uma sociedade machista e patriarcal. Uma sociedade que historicamente colocou a mulher num papel inferior ao do homem - e também é preciso entender que ainda que as últimas décadas tenham trazido muita melhora nesse sentido, a mudança mais lenta de todas é a de mind-set.
Então se vc acha que a sociedade não privilegia nenhum gênero, nem se dê o trabalho de ler.

"A assimetria que eu enxergo nos relacionamentos heterossexuais é perversa: os homens são socializados pra independência, pra manipulação e para buscar seu próprio prazer; e as mulheres, pra dependência, pra carência e pro perdão, assim os dois lados se completam em prol da manutenção do domínio masculino.
Essa assimetria é cruel porque faz com que as mulheres se deem muito fácil, faz com que perdoem sempre tudo e que sempre carreguem sozinhas o fardo da manutenção do relacionamento.
Ao mesmo tempo faz com que os homens ocupem a posição de conformidade, de “errei de novo, mas me desculpa, sou homem, estou tentando”, o homem SE SENTIRÁ SUFICIENTE, sentirá que já está fazendo muito por apenas tentar e nos manipulará todo o tempo para acreditar que nós é que somos muito difíceis e exigentes.
(...)

Eis aí parte da desgraça da feminilidade. A nossa desgraça É BONITA, a gente aprende a confiar e a perdoar muito facilmente e isso é bonito, tudo isso é, na verdade, super bonito. Tudo isso que a gente sente, toda essa nossa capacidade de amar, de se dar é de uma confiança absurda.
Nós compartilhamos com os homens a beleza da nossa desgraça e acreditamos que eles podem entendê-la, acolhê-la, que podem nos amar. Acreditamos, sempre, e de novo, e outra vez, que tudo pode ser diferente, e há uma beleza nessa inocência, uma beleza cruel.
(...)
No fim os homens sempre vão agir se priorizando - foi o que eles aprenderam a fazer; e a gente sempre vai agir se secundarizando - é o que a gente aprendeu a fazer.
(...)
Dentro de um relacionamento, (eu, mulher) devo ser mais egoísta, devo reverter grande parte do meu cuidado com o outro em auto cuidado. Devo ser “complicada” “difícil” e “exigente”, porque tudo isso é por mim.
Um homem que queira nos amar deverá entender tudo isso, deverá entender que a assimetria socialmente imposta pede como resposta que tentemos construir, em esfera micropolítica, um relacionamento contrariamente assimétrico."


texto completo e original em: https://negrasolidao.wordpress.com/2015/07/02/os-homens-que-nao-amavam-as-mulheres/

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